Todos devem ter acompanhado através dos jornais a disseminação da Leishmaniose em Dracena e algumas partes da região, bem como a polêmica causada pelo extermínio de cães positivos e o fato de que, devido a um erro do laboratório, onde exame pode dar positivo (falso) e foram sacrificados, na cidade de Dracena - SP. A verdade é que a Leishmania é a doença que causa mais polêmica e controvérsia principalmente entre os veterinários. Ainda mais quando o assunto é o tratamento ou não de cães positivos. Existem aqueles veterinários cuja conduta é exterminar sumariamente todo e qualquer cão cujo exame dê positivo, mesmo positivo(falso), alguns são favoráveis ao tratamento daqueles positivos que não apresentam sinais da doença e alguns são favoráveis ao tratamento de cães que apresentem alguns sinais sem comprometimento ainda da função dos rins. Aqui em Dracena, há anos essa doença tem chamado atenção principalmente nas áreas do perímetro urbano. A leishmaniose é transmitida através da picada de um mosquito. Geralmente a doença acomete cães sadios, enquanto que nos humanos tem predileção por pessoas com imunidade diminuída (crianças, idosos, doentes). O tratamento canino não obtém, em geral, a cura, mas pode oferecer uma boa qualidade de vida e maior longevidade aos animais afetados. Esse procedimento exige dos proprietários dos cães um compromisso de cuidados especiais com os animais infectados e também com o ambiente onde vivem. O cão, após ser contaminado por um mosquito infectado, apresenta um período de incubação que varia de 2 meses a 6 anos. Os sinais mais comuns da doença são problemas de pele e pêlo(dermatite seborréica, falta de pêlo ao redor dos olhos, feridas na ponta das orelhas e na ponta do focinho), crescimento exagerado das unhas, emagrecimento, apatia, febre, sangramento nasal ou oral, problemas nos olhos, pode haver aumento do abdômen por causa do aumento de órgãos (baço e fígado), problemas renais. No entanto mais da metade dos cães portadores não apresentam sinais. Pouco está sendo feito para a prevenção da doença, já que ela é transmitida por um mosquito. Bem, agora vem a parte mais polêmica que é o tratamento ou extermínio de animais positivos. Antes de mais nada, é recomendação dos órgãos da saúde pública que se extermine os positivos. No entanto, pesquisas têm sido feitas e protocolos de tratamento têm sido utilizados com bons resultados. E acredito que além de um profissional de saúde pública o veterinário deve ser um profissional que ame, respeite e queira preservar a vida de seus pacientes. O sacrifício sumário de um animal de estimação traz grande dor. Muitos veterinários resistem inclusive a esclarecer ao proprietário a possibilidade de tratamento. Não acredito que essa seja uma decisão só do veterinário. Se ele não se propõe a tratar a Leishmania seja por inexperiência, por causa da recomendação dos órgãos de saúde ou por crença própria, podia passar o caso para um colega que tenha experiência no tratamento. No entanto, é necessário saber e ter claro em mente que o tratamento não cura o cão, mas aumenta o tempo de vida do animal assim como ameniza os sinais da doença fazendo com que ele tenha uma qualidade de vida melhor. Tenho visto que o extermínio de cães positivos tem sido mostrado como única forma de combate. Acredito que mesmo que se exterminasse todos os cães de Dracena e do País o problema não acabaria. Já vi referências que roedores, raposas, gambás, podem, assim como o cão, servirem de hospedeiros. Porque não é o cão que transmite a doença para outros cães e o homem É o mosquito! Sem o mosquito não haveria o ciclo. Funciona assim: O mosquito pica um cão sadio que se contamina. No organismo do cão a Leishmania se desenvolve. Então um mosquito pica este cão e se picar outro cão ou uma pessoa, pode contaminá-la. No entanto, o contato cão-cão ou cão-homem não dissemina a doença. Funciona assim: mosquito-cão-mosquito-cão ou mosquito-cão-mosquito-homem. Dessa forma me parece bastante lógico que o combate ao mosquito é, ou poderia ser, muito mais eficaz. No entanto, a questão do combate ao mosquito é muito mais complexa que simplesmente extermínio de cães. Além disso, falta informação consistente à população. "O cão não é o vilão da história e sim ,o mosquito". Obs.: Atualmente o serviço de coleta de sangue, está melhor, pois mudou os procedimentos, mas está longe de ser o ideal.
Gil Ferreira
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Conforme termos nº 141/09 e 144/09 do Centro de Zoonoses de Dracena
Veterinário explica sobre as formas de tentar se combater a doença
Entrevista concedida por Dr Colombo Guerra Carvalho Junior a Ana Beatriz Gatto, do Jornal Regional – Dracena(SP) na edição 4111 do dia 12 de Março de 2006, página A3.
Combate ao mosquito palha
Segundo Colombo existe primeiramente a prevenção de combate ao mosquito palha (principal transmissor da doença), mantendo sempre limpo os quintais, não deixando acumular folhas, fezes de animais e resíduos em decomposição, pois são nestes locais que o mosquito prolifera. Também é importante a pulverização dos focos com veneno específico.
Coleira Scalibur
O veterinário relatou que o uso da coleira Scalibur, reconhecida pelo Ministério da Saúde, auxilia a afastar o mosquito, já que funciona como repelente. Os sprays a base de citronela também ajudam no combate à picada do mosquito.
Vacinação
Além disso, Carvalho falou sobre uma vacinação que garante a imunização até 95%. Esta somente pode ser feita em animais que não foram infectados com a doença, ou seja, sadios, e consiste em três doses com intervalos de 21 dias, e reforço anual. A partir da terceira dose o animal fica imunizado.
Teste Rifi e Teste de Elisa
Sobre os testes que são realizados nos animais para saber se os mesmos estão infectados com a leishmaniose, Colombo explicou que a Secretaria Municipal de Saúde utiliza os testes Rifi e Teste de Elisa, que detectam os nineis de anticorpos contra os protozoários. Só que estes não são específicos para a leishmania, portanto, se o animal estiver com outros protozoários como caso da babésia e erlichia ( conhecida como doença do carrapato ) poderá cruzar informações e o teste de leishmaniose constatar positivo.
O ideal é realizar o PCR
Portanto, de acordo com Colombo, o ideal é ralizar o PCR (Polimerase Chain Realction) que é um teste extremamente específico, com quase 100% de precisão em seu resultado. Porém, este teste não é realizado pela Secretaria Municipal de Saúde, por ter um custo elevado.Mas se o animal constatar, positivo no Rifi ou Teste de Elisa, é importante que o proprietário do cão faça a contra-prova para verificar se realmente o animal está ou não contaminado com a leishmaniose.
Está comprovado que ações isoladas como abate dos cães
Para finalizar, está comprovado que ações isoladas como o abate dos cães positivos sem a pulverização contra o mosquito e a da população para limpeza de quintais e terrenos, não resolverão por si só o problema da leishmaniose.